Estudos criteriosos feitos no mercado americano exibem que, na média, investir em empresas menores gera maior retorno se comparado ao proporcionado por grandes empresas.

Empresas menores atrativas tendem a atuar em novos mercados ou em nichos, que podem proporcionar maior crescimento do que em mercados maduros, onde atua a maioria das grandes empresas.

É certo que selecionar empresas menores exige maior estudo e atenção pois o risco é maior. Há que focar no mercado em que cada empresa atua, nos riscos existentes e potenciais, no serviço ou produto oferecido, na qualidade dos executivos, nas barreiras de proteção e etc.

A análise deve ser iniciada por macro setores, onde há dois caminhos distintos:

–   Se o foco são empresas de tecnologia, deve-se estar atento ao maior risco e buscar base não em hardware mas em software (“software is eating the world”) e, preferencialmente, em empresas que estejam envolvidas em construir o efeito rede (“quanto mais gente adere, mais gente quer aderir”), o que pode levar a crescimento explosivo e a criação de barreiras de proteção que coíbem competição.

Caso seja identificada uma empresa desta no Brasil, surge outro problema: como criar efeito rede exige usar muito capital durante bom período (sem qualquer garantia ou construção de ativos) e nosso mercado disponibiliza pouco capital e tem menor número de talentos (programadores) que nos EUA ou Europa, o risco é ainda maior. Se o investidor focar em empresas de tecnologia não comprometidas em criarem o efeito rede, corre o risco de ser copiado por concorrentes, pois é difícil criar proteção via patentes e etc.
– Se o foco são empresas tradicionais, o desafio inicial é identificar mercados e negócios atrativos que tenham razoável nível de proteção contra concorrentes e empresas de tecnologia. O fenômeno do “software está comendo o mundo”, cria disrupção através de empresas de tecnologia, inclusive em mercados maduros – ex: a competente turma da Inbev demorou a enxergar que redes sociais turbinam centenas de pequenos produtores de cerveja, o que diminui o faturamento das gigantes.

Paulo Areas